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terça-feira, 29 de março de 2011

Lobão: a ovelha negra da música brasileira

Lobāo volta a gravar numa multinacional depois de 12 anos. Vende 23 mil discos, pior vendagem da história de um “Acústico MTV” (2007). Lobāo acaba de lançar a autobiografia “50 Anos a Mil” em parceria com o jornalista Claudio Tognolli. O livro sobe para a lista dos mais vendidos, segue para reimpressāo antes de um mês, passa de 30 mil exemplares em menos de três meses. Ambidestro, nem de esquerda nem de direita, nem rock nem MPB, Lobāo é a bipolaridade entre o sucesso e o fracasso.
Capa da autobiografia de Lobão
Nos anos 70, participou de banda de rock progressivo, Vímana, com Lulu Santos e Ritchie. Nos 80, virou líder de uma geraçāo que nāo era a dele - e que criou todo um novo mercado de música jovem no Brasil, com artistas como Blitz, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs, Kid Abelha, RPM, Ira! e outros. Inseriu-se na grande indústria musical pela porta da frente - primeiro como integrante da Blitz, depois solo, em hits de rádio como “Me Chama” e “Corações Psicodélicos” (1984), “Decadence Avec Elegance” (1985), “O Rock Errou” (1986), “Vida Bandida” e “Rádio Blá” (1987). Virou presidiário após condenação por porte de maconha, haxixe e cocaína, ficou paranoico com um artista (Herbert Vianna) que acreditava persegui-lo passo por passo.

A fama de briguento se amplificou após o período na prisão, deteriorando também suas relações com a indústria fonográfica. Nos 90, saiu do círculo das gravadoras pela porta de trás e fez a última de três tentativas de suicídio. Nos 2000, recriou-se, moldou a imagem de "herói independente" sempre ávido para criticar seus colegas de profissão, lançou CDs em bancas de jornal, virou guerrilheiro contra as gravadoras, avançou no jornalismo como editor da revista musical “Outracoisa” e como apresentador da MTV - da qual está fora desde o final do ano passado.

Há três anos, o carioca Joāo Luiz Woerdenbag Filho, 53 anos, mora em Sāo Paulo com Regina, sua mulher desde 1991. Casaram-se de terno, véu e grinalda, por sinal, e a família Marinho, da Globo, compareceu em peso à cerimônia religiosa.

Sente-se um pouco culpado pelos suicídios de sua māe (em 1982) e de seu pai (em 2004) e por várias tentativas, inclusive a do ex-Mutante Arnaldo Baptista (em 1981). "Pô, Arnaldo é maluco, mas eu dei um empurrāozinho, né?", ri. Algoz do rock e da MPB, puxou briga com seus pares ao encampar, quase sozinho - a sambista Beth Carvalho foi parceira incansável -, a luta pela numeraçāo dos discos no Brasil, efetivada em 2002.

No percurso, virou ovelha negra da família MPB - mas nāo tanto da sua própria, aparentemente uma família só de ovelhas negras, em cuja genealogia cabe até o controverso político Carlos Lacerda (1914-1977)

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