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sábado, 26 de março de 2011

MENSAGEM HÚNGARA

Dias atrás recebi uma mensagem da Hungria. Recomendava-me publicar uma história acerca de uma criança, não sei se húngara ou brasileira, ou de que outra nação.
Evidentemente fiquei intrigado com aquilo. Seria verdade? Seria mesmo uma mensagem húngara? Tentei descobrir a procedência da missiva, mas não logrei êxito.
A carta trazia os seguintes dizeres:
Kedves Zaiazaia,
Post történet egy gyerek, aki viselte több rövidnadrág, egyik a másik fölött, egy őszi délutánon.
Köszönöm!

Era uma tarde de outono, na Vilinha, referência à rua em que todos do bairro Belmonte brincavam. Eu era conhecido como "Granito", apelido que apareceu e pegou, nunca soube explicar por quê.
Naquela tarde ventava muito. Início da década de 70. Eu era uma criança raquítica, baixa para a idade, uns cinco ou seis anos.
O bairro era novo para mim. Não me lembro de onde vim, mas me recordo do primeiro dia.
Ajudando mamãe a arrumar as coisas na nova casa, que ficava no meio do quarteirão. A rua - começava em um entroncamento após o quarteirão de cima, ia terminar no Pavão, lá embaixo, uma espécie de pântano - já era asfaltada, a calçada de cimento. A área da casa, como era conhecida a entrada, formava uma espécie de corredor lateral, de vermelhão e alpendre. Ao lado direito um corredor de terra que dava para o quintal, amplo, com um rancho rústico e muitas bananeiras. À esquerda, a casa propriamente dita, com um dormitório que tinha janela para a calçada, a sala, cuja porta levava à rua por esse corredor de vermelhão, um degrau da sala para a cozinha e a lavanderia e o banheiro.
Casinha simples, confortável para a época, sem forro, rústica.
Cansei de ajudar minha mãe e fui arrumar minhas coisas, poucos pertences, que cabiam numa gaveta de cômoda.
Naquela época não existiam as bermudas que vemos hoje. Eram shorts, curtos. Fui vestindo-os; não sei quantos eram, mas poucos; talvez 6 ou 7.
Saí para a rua, para conhecer as pessoas de meu novo bairro. Descalço em sem camisa, mas com todos os meus shorts.
Cheguei à esquina da Vilinha, que era uma rua sem saída, cujo final tinha uma porta enorme, com acesso ao cemitério. Futuramente descobri que serviria de gol para nossas brincadeiras de "rebatida".
Encontrei um garoto, de cabelo todo desgrenhado, descalço e sem camisa, também. Ventava. Perguntei seu nome e tentei fazer amizade. Ele disse que estava friozinho e que iria entrar para colocar uma camisa.
Só então ele reparou nos meus shorts, que faziam volume, e me perguntou o que era aquilo.
"Coloquei todos os shorts que tinha na minha gaveta!"
"Que boa ideia! Já que vou vestir uma camisa, colocarei os meus também!"
O cara esguio entrou na casa que ficava na esquina da Vilinha. Fiquei esperando uns instantes, cutucando um buraquinho na calçada, que tinha uma tampa de galeria de rede de esgoto.
Então ele apareceu, correndo e rindo. Ficamos amigos e passeamos pelo quarteirão, ambos com um monte de shorts. Ele me levou para conhecer outros colegas...

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